A “estranha potência” que a voz lírica ressalta nas palavras decorre de uma combinação entre
Questão 69
TEXTO PARA AS QUESTÕES 68 E 69.
Romance LIII ou Das Palavras Aéreas
Ai, palavras, ai, palavras,
que estranha potência, a vossa!
Ai, palavras, ai, palavras,
sois de vento, ides no vento,
no vento que não retorna,
e, em tão rápida existência,
tudo se forma e transforma!
Sois de vento, ides no vento,
e quedais, com sorte nova! (...)
Ai, palavras, ai, palavras,
que estranha potência, a vossa!
Perdão podíeis ter sido!
— sois madeira que se corta,
— sois vinte degraus de escada,
— sois um pedaço de corda...
— sois povo pelas janelas,
cortejo, bandeiras, tropa...
Ai, palavras, ai, palavras,
que estranha potência, a vossa!
Éreis um sopro na aragem...
— sois um homem que se enforca!
(Cecília Meireles, Romanceiro da Inconfidência)
A “estranha potência” que a voz lírica ressalta nas palavras decorre de uma combinação entre
- fluidez nos ventos do presente e conteúdo fixo no passado.
- forma abstrata no espaço e presença concreta na história.
- leveza impalpável na arte e vigor nos documentos antigos.
- sonoridade ruidosa nos ares e significado estável no papel.
- lirismo irrefletido da poesia e peso justo dos acontecimentos.